domingo, 10 de dezembro de 2023

Seeing AI e Be my eyes agora são inclusivos

Seeing AI, Be my eyes e o mito do sistema mais acessível 

 

Descrição da imagem, fotografia de uma janela fechada por uma cortina transparente, onde se pode perceber um pouco do lado de fora, os ícones do android e do ios, e do seeing ai e be my eyes, estão distribuídos de maneira a ficarem cada um em uma das quatro partes da janela, fim da descrição

Sabe quando você pega um celular de entrada e consegue extrair do assistente dele resultados com um nível de eficiência comparáveis aos níveis de celulares de 15 mil reais, e sente que tem algo de muito errado ou muito certo ali?

Certamente ao olhar esses aspectos isolados do todo, você começaria a tentar juntar as partes para, pelo menos, unir o todo e assim procurar qualificar ainda mais seu entendimento sobre esse mundo tão cheio de altos e baixos que é o mundo do mercado e da tecnologia.

Esse é o tipo de coisa que realmente pode qualificar nosso poder de análise, uma atitude que exige estudo diário, leitura diária, prática diária, e tais condutas também são fundamentais quando vamos emitir nossas opiniões referentes a acessibilidade, um ramo que também é encontrado na vida digital, e que também é muito vasto.

Pois bem.

Nos últimos dias tivemos lançamentos importantes nessa ária, com a chegada do Be my eyes descrevendo imagens no beta para Android, e o Seeing AI também chegando para esta plataforma.

Ainda por esses dias a OpenAI lançou a opção de conversação por vós no GPT, recurso que se encontra totalmente funcional no app deles, e que tem sucitado várias ponderações a respeito da qualidade das assistentes virtuais do mercado, inclusive com críticas bem fortes a SIRI e a Alexa.

Nos últimos meses vimos um crescimento assustador da IA, uma corrida repleta de altos investimentos, e muito, muito trabalho, coisa pouco comum de se ver com relação aos esforços e investimentos relacionados a acessibilidade, ainda assim a própria acessibilidade já está também colhendo frutos nesses esforços em inteligências artificiais.

E eis que chego ao ponto, pois, a prova de que estamos colhendo estes frutos está no Bee may eyes, mas a prova de que há pouco trabalho e investimento em acessibilidade é o próprio Seeing AI chegando só agora para Android, e essa opinião é mais uma especulação que tomo a liberdade de fazer, já que como veremos adiante, não temos todos os dados a respeito para divagar.

Com todas essas partes soltas nesse texto, quero agora tentar formar um todo que ao menos possa nortear minha compreensão desses fatos recentes, para junto com vocês tentar formular minha crítica.


Seeing AI


O Seeing AI foi lançado em 2017 e chegou na AppStore brasileira sem tradução, contudo já era possível fazer com muita eficiência uma série de manobras com ele, tais como reconhecer pessoas, medir luminosidade e ler textos de um modo geral, e os que são usuários de longa data lembram também das muitas manobras em configurações para extrair melhores resultados em nosso idioma.

Em suma, quando o Seeing AI chegou para a Apple ele foi sim uma grande adição e diferencial para a acessibilidade, mas será que hoje se pode dizer o mesmo do recente lançamento dele para Android?

E o Be my eyes, por que será que o beta dele chegou primeiro no IOS e só agora no Android?

Aposto que já tem muita gente aí com a resposta pronta na ponta da língua, contudo me permitam continuar especulando.

Com o tempo, já no início de 2018, uma série de reconhecedores de objetos começaram a surgir no Android também, muitos nos moldes comerciais como o Eye D, e muitos oriundos de projetos estudantis, tipo, o moleque montava um reconhecedor de textos instantâneos como trabalho de TCC e pronto, tava lá mais uma opção para gente como eu formatar seus computadores, foi um período repleto de lançamentos bacanas, e muitos deles passaram por aqui na época.

Só que de lá pra cá a coisa chegou a tal ponto que lançamentos desse tipo já nem chamam tanto a nossa atenção como antes, hoje a Playstore está repleta de APPS desse tipo, e muitos inclusive nem atualizações recebem mais, uma prova de que criar um software é apenas uma parte do processo e as vezes o verdadeiro trabalho começa depois que uma nova solução é criada.

Até a Samsung tinha em seu finado leitor de telas uma função de luminosidade, que a propósito era bem eficiente, e se você ainda tiver um celular velho com esse leitor instalado, poderá testar o recurso, se é que você já não utiliza ele desde que adquiriu o celular.

As vezes tudo é uma questão de conhecimento ou até mesmo marketing, as pessoas as vezes nem sabem que a coisa tá ali na sua mão e fica se lamentando que só no dos outros tem, e muito usuário é induzido ao erro por gente que oferece respostas prontas em vez de fazer estudo de casos.

Com o tempo softwares multiplataforma começaram a aparecer no IOS e no Android, e vimos coisas bizarras acontecendo nesse trâmite, funções em um mesmo aplicativo que eram gratuitas no robozinho verde, mas que no lado da maçã eram pagos, o que demonstra uma outra teoria com relação a utilização de plataformas como base de teste e evolução de aplicativos.

Já vi muita gente sustentar que o Seeing AI era um exclusivo da Apple justamente pelo fato do IOS ser um ambiente mais controlado, instável e acessível.

Cai quem quer né?

Eu poderia dizer que o Android é que seria um ambiente melhor para evoluir uma solução, visto que, se algo funcionar em um sistema tão fragmentado quanto esse, então ele literalmente voaria no IOS, contudo considero que ambas as abordagens não alcançam o todo do assunto, pois mesmo extraindo as diferenças dessas duas plataformas, ainda sobraria o sigilo sepulcral dos apps proprietários, ou seja, nós só sabemos deles o que nos é dado por seus desenvolvedores a saber, e eis aí o motivo de tantas especulações ou respostas prontas.


Software livre e proprietário


Caramba Neimar, tu já vai começar com essa missa de software livre?

Pois é, vou sim, se você utilizou muitos desses programas no Android, agradeça a bibliotecas como o Teceract, que já apareceu muitas vezes aqui no TTS e é amplamente utilizada pela galera que programa em Python, uma biblioteca que inclusive está presente hoje no próprio NVDA e em ferramentas de leitura e escaneamento de textos no Linux, Chrome OS e por aí vai, e tudo com a certeza de que você está utilizando uma solução desenvolvida em um ambiente que não se alimenta de você.

Acho muita graça quando dizem que o Seeing AI é gratuito, já foram alguns anos de coleta de dados aperfeiçoando o software deles no IOS, algo que também é do jogo, o sínico dessa parte toda é esquecer que se a solução evoluiu, isso aconteceu também em função da utilização do usuario, mas vá lá, Seeing AI ajudando os cegos do mundo inteiro, ta certo, só faltou a parte dos cegos do mundo inteiro também ajudando o Seeing AI.

A quem defenda que os usuários de IOS gostam de pagar e isso torna o perfil da plataforma mais rentável, mas será que essa tese se sustentaria no advento da plataforma se tornar mais aberta e menos controlada?

Não sei, só sei que tudo tem um preço, assim como existem muitas formas de se pagar por algo, e se formos pensar, até o softwere livre tem sua paga, ele não te cobra valores, nem coleta seus dados sem descriminação mas pede que você trabalhe para ele, contribuindo com código, divulgando ou simplesmente utilizando, e no fim tudo é trabalho, tudo.

A diferença fica na parte em que o software livre nem sempre vai ter uma equipe de marketing a postos para converter o trabalho do usuário em boas ações da empresa.

Agora se tem uma empresa que pode tomar pra si a alcunha de solidária, essa empresa é a Bê My Eyes, e olhe que eles nem são do softwere livre, mais uma prova aqui nesse texto de que tudo carece de lupa na análise.


Mitos


o mito do sistema mais acessível surgiu com tudo nessa última semana e esta é a razão de ser desse texto pois, muito do que se falou por aí se relaciona com os gostos e experiências pessoais, e até aí tudo bem, o grande problema surge quando utilizamos essas coisas na hora de informar os outros sem levar em conta suas realidades.

Já vi por aí nos grupos de Facebook, estudantes que ganharam ChromeBoks de suas instituições, e foram brigar por seus direitos alegando que a maquina era ruim e que não tinha acessibilidade, um julgamento que certamente foi formado pelas opiniões de quem deveria intender de informática e ferramentas assistivas, mas que ao fazer a cabeça das pessoas desse jeito, só prova que o entendido só conhece mesmo o Windows e suas opções de acessibilidade.

Particularmente tenho experiências incríveis com Linux e Android, mas quando vejo canais secundários de Linux tentando convencer as pessoas a trocar de sistema, também me sinto provocado, não acho que seja por aí.

Ouvi muito nesta ultima semana duas ideias que basicamente afirmavam que o IOS sempre foi o melhor sistema para cegos e que finalmente o Android estava ficando melhor em função do lançamento do Seeing AI e da chegada da IA no Be my eyes, teses que são tão sustentáveis quanto eu afirmar que o meu Internacional é superior ao Grêmio em tudo, tá eu me sinto tentado a afirmar isso constantemente e afirmo isso constantemente, mas nós sabemos que não é bem assim.

Por mais que doa, definitivamente não é bem assim mesmo.

Se a Apple tem uma reconhecida historia na acessibilidade, o Android também tem, e desde muito tempo que ambos são recomendáveis para pessoas cegas e com baixa visão.

É fato que o Android melhorou com a chegada dessas novas opções, assim como a Apple melhorou quando novas vozes chegaram por lá ano passado, fato que também foi repercutido por aqui , é claro que a flauta é livre, o que não pode é tornar uma flauta como sendo fonte de uma analise técnica.

São implementações que demoraram muito pra surgir, mas que sem sombra de dúvidas, são muito bem-vindas, e no caso do Seeing AI, ainda tivemos a felicidade de ver um programa maduro chegando na praça, o Seeing AI chega pronto no Android e isso é muito bacana, e quanto ao Be my eyes, bem, nesta semana a Google anunciou o surgimento do GEMINI, cuja parte nano da iniciativa parece ser bem interessante, a principio esta parte nano do GEMINI vai passar a integrar os dispositivos Android, abrindo margem para mais funções do assistente, agora imagine se você pedir ao Google assistente para descrever uma imagem pra você?

Já escrevi sobre o que penso sobre o foco em descrição de imagem que o Be my eyes deu neste ano ao seu projeto, e de lá pra cá eles já devem ter juntado muitos dados para se orientarem, agora com a chegada dos usuários de Android e toda a sua gama de fragmentações, eles certamente vão ter um apanhado ainda maior de estudo, contudo, as opções de voluntários e suporte profissional ainda estão por ali, e cabe a gente aguardar pelos próximos capítulos, desfrutando é claro, de suas excelentes e polemicas descrições interpretativas em IA.


Referencias:

Chrome OS aqui no TTS

Be my eyes no canal

Gemini no Olhar digital





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