sábado, 19 de dezembro de 2020

Caso Jieshuol





Sabem aquela do pirata que foi pirateado?

Pois então, quando chegou a vez dele ele não achou graça nenhuma.




Vocês já devem estar a par do caso do crack do Jieshuo, imagino.

Não?

Um resumo rapidinho então.

O Jieshuo é um leitor de telas desenvolvido, ao que tudo indica, por um programador Chinês, um cara que, ao que parece, não possui deficiência visual.

Vago né, pois é.

E pra ficar ainda mais vago esse programinha não é comercializado na PlayStore, sim isso mesmo.

Desde o seu surgimento até os dias de hoje este leitor segue sendo vendido de forma, digamos que "Underground" no meio das pessoas com deficiência visual.

E isto já acontece há mais de um ano e os motivos alegados são vários, Google, EUA, comunismo etc, etc, etc.

O mais curioso é que nenhum desses problemas impediu este desenvolvedor, Lee, para os íntimos, de fazer várias conexões mundo a fora para distribuir e vender seu Software, que diga-se de passagem é realmente muito bom.

Não é a melhor coisa do mundo como sustentam seus fãs nem a pior coisa do universo como querem seus críticos mas sim um leitor de telas muito competente, repleto de opções interessantes principalmente para quem quer um plus a mais, para quem quer um passo a adiante nesse negocio de leitor de telas.

Nesse sentido o programa cobra um preço por isso é se levarmos em consideração o Dólar, o preço fica maior ainda, porém, a versão gratuita já é boa o suficiente para ser tida como primeira ou segunda opção ao Talkback.

Sim, exatamente isso que você leu, "opção" e não "substituição", afinal de contas o TalkBack é o leitor padrão do Android e só com o TalkBack conseguimos formatar nossos telefones e configurarmos eles do zero.

Um leitor de telas como padrão dentro de um sistema operacional, dando suporte desde o início da instalação não é objeto de concorrência entre esse ou aquele desenvolvedor, e sim, uma vitória da inclusão.

Para você que odeia com todas as forças o TalkBack, experiment formatar seu celular sem ele, para você que odeia com todas as forças o Narrador esperimente formatar o Windows 10 sem ele, O que aconteceria se esses programas desaparecessem dos seus sistemas operacionais?

Usuários de Windows e Android ainda tem uma certa vantagem por que se esse tipo de coisa acontecesse lá na Apple os usuários da maçã ficariam sem nenhum leitor de telas.

Não ter opções é algo muito triste principalmente quando o usuário não faz a mínima ideia disso e a função de Quem opera no sistema é sempre te fazer acreditar que não existem opções.

As mensagens subliminares lançadas por eles são quase sempre do tipo apocalípticas.

Se você não comprar agora não vai ter outra chance depois.

Ou então, não existe um produto melhor que o nosso, se o nosso produto deixar de existir o que é que você vai fazer, como vai conseguir viver?

Parece familiar para você?

Pois Para os usuários de Jieshu sim.

Muitos usuários desse leitor de telas repetem por aí o mantra de que ele é a melhor coisa que existe e que tudo vai se acabar no dia em que ele se extinguir, bem assim.

Nesse sentido Eles são muito parecidos com alguns usuários de Apple que são induzidos a acreditar que só o voiceover presta quando na verdade você só tem o voiceover na Apple.

Segundo a rede Jieshuo só existe uma forma de fazer a distribuição desse software e não é através da loja oficial do Google, e sim, através de grupos de distribuição alternativos, que podem variar de sites de afiliados passando por aplicativos de mensagens e até mesmo por e-mail.

Um esforço simplesmente descomunal em torno desse, digamos, "produto".

Um produto em cuja licença impõem uma série de limitações ao usuário, limitações essas que vão desde restringir a licença ha um ano de uso até a limitação de instalação do software por aparelho.

Nem a própria Play Store consegue ser tão rígida assim com relação a restrição de licenças de uso, a própria limitação de um ano faz a coisa ser muito mais uma assinatura do que propriamente uma licença.

Já a restrição da licença ao hardware nem vai merecer comentário aqui, porém quero lembrar mais uma vez que nem a Play Store é tão restritiva. com licenças desse jeito e  isso faz pensar se não [e justamente por esta rasão que  o app não é postado lá.

Aqui no Brasil o Jieshuo é comercializado pela CIATA, onde, nas versões mais recentes do leitor de telas, no topo da janela de configurações, temos o email para contato com o portal dos caras.

Tá achando meio embolado?

Então calma que tem mais.

Em tese a CIATA atuaria como uma espécie de facilitadora no acesso das licenças e também com o suporte ao usuário, no entanto, temos nessa relação de compra e venda um misto de comércio com trabalho voluntário e esse estado de coisas acaba gerando nos envolvidos uma certa intolerância a críticas.

Imagine a seguinte situação, um usuário inexperiente procura pelo grupo de suporte do seu software, este usuário está tendo algum tipo de dificuldade de uso e recorre ao suporte para buscar ajuda, ele expõe seu caso, faz sua crítica com base em seu uso e ouvi de  um outro colega de grupo que ele deveria, caso não estivesse satisfeito, procurar a concorrência.

Se a coisa parasse por aí a gente até entenderia mas, e se depois um administradora aparecesse para reforçar tudo aquilo que foi dito pelo colega indelicado?

Aprenderam direitinho a lição com o Tim Cook, mas, justiça seja feita, o administrador, antes de fuzilar o usuário diluiu sua dúvida.

Quero também lembrar que a "concorrencia" nesse caso seria o próprio padrão do sistema, um leitor de telas frequentemente tratado com desprezo, tanto pelos usuários leigos quanto pelos pseudoentendidos em tecnologia, o que demonstra uma obviedade que por muitas vezes escapa há esses entendidos, qual seja, se você tem deficiência, antes mesmo de querer adquirir qualquer conhecimento técnico, você precisa antes dominar, o mínimo que seja, a respeito de inclusão, sob pena de ficar pagando mico, dando uma de Fanboy, pagando pau para esse ou aquele software, empresa, marcas e etc. 

É preciso entender também que sob o ponto de vista do Lee e da CIATA não se trata apenas de ser ou não um fã, e sim, de um negócio, haja Vista o esforço de todos em não formalizar a venda do app de forma, digamos que mais transparente, e aqui o que quero dizer com transparente se refere apenas e tão somente a exclusão da necessidade de atravessadores na relação cliente e fabricante. 

Já que o desenvolvedor não quer fazer as transações na Play Store e precisa tanto desse trabalho "voluntário", Por que não abrir o código de seu software?

Senão para modificação pelo menos para que se pudesse fazer algum tipo de auditoria nele, isto por si só já Tiraria todo e qualquer resquício de suspeita com relação ao seu leitor.

Sabe aquele super app que baixa qualquer coisa da rede mas e proibido nas lojas oficiais?

Então, que regras esse app quebra, ou não, para realizar essa tarefa tão transcendental ao sistema?

Sabemos que o Jieshuo sequer chegou perto de entrar na loja do Google quanto mais de ser proibido lá, porém, sabemos que o leitor transcende algumas funções, ou não, dentro do próprio Android, quer dizer, estaria ele quebrando alguma regra para conseguir fazer isso?

A abertura do código encerraria todo e qualquer questão quanto a esse assunto, e mais, se o desenvolvedor realmente não quisesse publicar na Play Store, ele poderia publicar seu software em outras lojas igualmente confiáveis tais como a f-droid por exemplo.

Em minha opinião, e me desculpem os apreciadores do leitor, um software distribuído desta forma é tão confiável quanto um software crackeado.

Muitas pessoas, e Isto inclui a mim, esperam condições mais favoráveis para comprar este aplicativo, e vou ainda mais longe, como doador que sou do NVDA, ficaria muito grato em ser doador também desse projeto mas nada disso está em palta.

Em minha opinião a própria CIATA poderia estar atuando nesse sentido caso seu foco estivesse no usuário ao invés de no software.

Notem que não utilizo a relação cliente/produto pporque considero essa premissa equivocada, explico!

Na relação cliente/produto  eu seria cliente de quem?

(A) Do Lee?

(B) Da CIATA?

(C) De ambos?

No caso da resposta certa ser a alternativa B e ou C, em que medida isso poderia impactar no valor final do produto?

Portanto mesmo eu, Neimar, não sabendo essas respostas, prefiro adotar aqui, por cordialidade, essa abordagem de interlocução por parte da CIATA.

É preciso observar também, que apesar das críticas que faço aqui o trabalho que, os caras vem desempenhando, está sendo realmente muito bem-sucedido.

Some ao fato do software ser muito bom com o bom trabalho da CIATA em nos envolver em torno dele e pronto, temos aí um sucesso.

Ainda assim e uma pena que o protagonismo seja do software e não nosso.

Contudo, este produto caiu nas graças e no gosto de alguns deficientes visuais brasileiros e acabou se tornando bem popular em nosso meio e vocês sabem o que acontece com coisas populares não é mesmo?

Elas são pirateadas.

Quer dizer, pelo menos é esta a tese que está rolando por aí depois que um APK baseado no  Jieshuo  Internacional apareceu com o Crack no nome.

Simultaneamente ao surgimento desse apk também surgiram mensagens contrárias a ele.

Baita sincronismo né.

Até gente notória mente pirata apareceu pedindo para não piratear.

Olhando assim de longe até parece ser uma coisa boa mas na verdade este pedido está fundamentado em uma chantagem e essa tese já estou desenvolvendo desde o início desse testo.


Vamos a chantagem propriamente dita então.

Todo mundo, tipo todo mundo mesmo recebeu aquela mensagem   questionando se a agente gosta do leitor, se a gente acha ele rapido e tudo mais, pois bem, essa mensagem por si só ja mereceria uma crítica única mas sigamos.

O cara pede para por favor não utilizar  nenhuma versão pirata porque eles iriam disponibilizar licenças mais em conta e lembra que está trabalhando no projeto de forma "gratuita". 

Porque não de forma voluntária?

Bem, com relação a licenças acho que já dei algumas alternativas aqui neste pequeno artigo.

Em fim, bola pra frente.

O testo e repleto de momentos cômicos  tipo quando ele tenta justificar o desânimo do  desenvolvedor em função da baixa adesão e da pirataria.

Se ele, com poucas horas de suposta pirataria já está desanimado o que esperar da Microsoft, Freedom Scientifc ou IBM que convivem com a pirataria em seus produtos desde sempre.

Caramba Neimar, tu só citou gente grande.

Ok, o que dizer então daquele desenvolvedor pequeno, que coloca seu app a venda na playstore por menos de dez Reais e ainda assim e pirateado? 

Tem muita gente que vende software por um preço razoável na Play Store, pagando os caras do Google, sendo pirateados e ainda assim seus aplicativos seguem sendo vendidos nas lojas por aí.

Que tipo de desenvolvedores ameaçam seus usuários de cancelamento desserviço em função da pirataria?

Já pararam pra pensar nisso?

Que tipo de desenvolvedor ameaça parar com o desenvolvimento caso a pirataria não cesse?

Aliás, Que história é essa de ameaças?

Como assim?

Se eu desenvolver um aplicativo, se ele for bom e  cair  no gosto das pessoas, é bem provável que esse aplicativo seja pirateado por alguém e eu, como sou do ramo, preciso lidar com isso da maneira mais inteligente possiveo,, afinal de contas é do jogo.

O que não é do jogo é eu colocar toda a responsabilidade da existência do meu software na conta do usuário.

Duvidar da boa fé da sua base de clientes e uma atitude que sequer deveria passar pela cabeça de quem desenvolve e  vende.

Da margem para que eu, o usuário, também duvide da boa fé de quem está desenvolvendo e vendendo, principalmente se eu levar em consideração o fato de que este desenvolvedor não é um de nós, e tá aí uma coisa que faz toda a diferença porque diz respeito ao nosso protagonismo.

Protagonismo este que dia a dia é abandonado, tome como exemplo o tal "rateio" proposto pelos caras da CIATA, quer dizer, a interlocução vai no sentido de fazer com que a gente se submeta sempre aos interesses do desenvolvedor, mas não deveria ser o contrário? 

Ao longo desses dias só vi motivos para não duvidar da base de usuários do Jieshu, a ideia de não usar a versão pirata foi unânime entre eles, e vocês sabem porque?

Porque o leitor de telas é muito bom e isso faz muita diferença para nós.

Contudo, Lee e  a CIATA, não estão fidelizando esses usuários com base na qualidade do software, e sim, numa chantagen sobre a possível perda dele, uma tática perigosa por muitas razões.

E se aparecer um outro leitor de telas amanhã?

E se ele funcionar no Android como o NVDA funciona no Windows?

E se o TalkBack for totalmente reformulado?

Sem os sentimentos de perda, culpa é débito o que vai tratar para explorar?

O Jieshu é um grande leitor de telas repleto de coisas vagas em seu intorno.

Um leitor que ganhou a todos nós por suas qualidades mas que afasta alguns de nós em função de suas sombras. 

A segunda parte desse conteúdo vai se dar no canal do TTS Supremo onde quero tratar do crack, o que penso sobre sua possível existência e origem mas não só isso.

Como também gosto muito dessa ferramenta vou deixar também algumas sugestões de melhorias portanto bora clicar aí no play galera.


Obs:


Por favor não levem os pontos que coloquei para o lado pessoal, sou um cara que vive a mesma realidade de todos nós e se existe alguém aqui que não faz ideia do que é ser baixa visão e nem tão pouco cego, esse alguém não sou eu,  e sim, um outro cara aí.

É ele que está junto de nós em uma via movimentada nos dizendo que, ou a gente dá o que ele quer ou ele não nos ajuda a atravessar a rua.


Caso Jieshuo 







3 comentários:

  1. Você está atribuindo culpa ao Lee por atos da Siata. A campanha mesmo que se iniciou após o surgimento do crack não foi iniciativa dele, mas da Siata e alguns entusiastas que estão se borrando de medo de o Lee encerrar o projeto.
    O que o Lee disse, parafraseando, foi: se todo mundo piratear o software, não vou ter condições de continuar o projeto". Isso é fato e bem óbvio. Assim sendo, ele não fez qualquer ameaça, foi uma simples constatação.
    Outra coisa em relação à Siata: o suporte deles não é obrigatório, o motivo da parceria é a barreira do idioma, na verdade. Para facilitar a comunicação, o Lee coloca o endereço do volutário, que é a Siata, para os brasileiros que instalam o app. O problema é que ele não tem condições de fazer qualquer auditoria do serviço que eles estão prestando. Eu já fui mal tratado pelos moderadores dos grupos ditos oficiais do Jieshuo, por isso saí deles e não conto mais com os serviços da Siata. Bola pra frente, o Lee não tem culpa disso.
    Sobre a auditoria no código: nesse sentido eu concordo contigo, ele não oferece prova cabal de que o software não possui algum aspecto malicioso. Já ouvi que o Jieshuo estaria em processo de admissão na Play Store, mas isso não passa de um rumor. Em suma, eu confio no desenvolvedor porque o software é muito bem feito e constantemente atualizado para corrigir falhas. Em virtude disso, creio que a intenção é oferecer mesmo um bom leitor de telas, pois se o foco fosse maliciososmalicioso, ele não precisaria tornar o leitor de telas tão bom a ponto de deixar o leitor de telas feito pela Google, uma empresa bilionária, no chinelo.
    Sabe aquele recurso de reconhecimento de tela que veio no IOS 14? Pois é, o Jieshuo já tinha. Esse é só um de muitos recursos que o Talkback não oferece e não há qualquer perspectiva de oferecer. O Talkback é ruim a ponto de o Jieshuo oferecer uma velocidade de resposta absurdamente superior, fazendo meu celular parecer outro.
    Outras melhorias que ele traz são:
    1. a possibilidade de programarmos cliques automáticos, facilitando a realização de inúmeras tarefas.
    2. A função de acesso direto, onde programamos itens a serem clicados diretamente ao realizarmos gestos simples. Por exemplo, os botões de avançar ou retroceder 10 segundos no Youtube ou o botão enviar do Whatsapp.
    3. Gestos duplos para realizar uma ação, o que aumenta grandmente o número de possibilidades de gestos, o que na verdade foi trazido pelo Shine Plus na sua época.
    4. Seleção de texto fora de campos de texto, o que os usuários pedem à Google faz anos.
    5. Área de transferência que registra as entradas, além de permitir, além da função de copiar, a adição de cópias.
    Além de vários outros recursos interessantes. Enfim, como você viu, existem diversos aí que nunca foram implementados pela Apple ou pela Google nos seus softwares de acessibilidade.
    Em resumo, concordo com você que o suporte da Siata é bem duvidoso e que não há como ter certeza na confiabilidade do código, mas confio nele por causa da qualidade do trabalho. Ele não precisaria fazer algo tão genial pra roubar dados ou minerar bit coin usando o meu celular, fora que ele está investindo numa base de usuários muito pequena e que em geral não tem grande capacidade financeira.
    Fica na paz, irmão! Bom trabalho!

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  2. Na minha opinião o TalkBack é um leitor de tela muito útil, partindo do ponto que, mesmo digamos maltratado pela Google, ele é o leitor de telas nativo do sistema, e é o que nos possibilitou mecher nesse universo chamado Android. Sobre o Jieshuo, tenho ele como meu leitor secundário, uma vez que, em pouco tempo de Android me acostumei com o TalkBack, mas não desprezo esse leitor de tela. Sobre a ciata, eu até hoje nunca precisei dos grupos ditos oficiais do Jieshuo no Brasil. E os desenvolvedores de qualquer leitor de telas devem tomar cuidado porque 100 usuário não existe qualquer software. Eu sinceramente espero que a google olhe com mais carinho para nós usuários deficientes visuais, posteriormente melhorando o seu leitor de tela, mesma coisa para o Jieshuo, porque ele não é perfeito, assim como o TalkBack também não é, o que não significa que eles são péssimos, apenas não são perfeitos. E não basta apenas as empresas ou desenvolvedores começarem a olhar para nós e melhorarem seus software se continuar essa discussão para saber qual leitor de tela é melhor, todos os leitores são bons, cada um na sua característica, por exemplo 1 tem mais funções, mas o outro, por ser nativo, sem ele você não formata seu aparelho.

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