Recentemente editei um conteúdo no canal TTS Supremo abordando o Orca face asteses de designer trabalhadas atualmente no projeto Gnome e de como o leitor de telas do projeto não está sendo objeto desse mesmo entusiasmo, pois bem, quero hoje abordar outro leitor de telas, sendo contrastado com outra interface gráfica para demonstrar que a acessibilidade não recebe esses mesmos entusiasmos que o restante da interface também anda recebendo por lá.
O Material design é mais ou menos como o Google trabalha graficamente suas interfaces, uma abordagem que, se não me engano, tem como inspiração as folhas de papel.
Uma parada muito bacana cuja intenção é tornar a experiência de uso, o mais agradável possível para o usuário, porém, será que a acessibilidade também está planejada levando-se em conta esses mesmos critérios?
Recentemente tivemos o lançamento do mais novo TalkBack, o TalkBack 9.1, este importante leitor de telas que está presente na suíte de acessibilidade do Google dentro do sistema Android.
Uma atualização que veio repleta de ajustes e polimentos mas que trouxe consigo alguns grandes equívocos.
Se você mantém seu sistema atualizado Já deve ter percebido as modificações em todas as principais ferramentas do Google, certamente você percebeu que as guias principais agora estão todas na base da tela e que os campos de busca e o perfil estão fixos no topo, certo?
Pois bem, se esse tipo de modificação é para dar mais dinamismo na interação do usuário para com o sistema, eu sinto muito em dizer que este mesmo intento não foi alcançado com o TalkBack.
Existe um gesto conhecido por muitos de nós por chicote, este gesto quando termina apontando para cima, te leva para o primeiro item da tela, lá no canto superior esquerdo e quando termina apontando para baixo, te leva para o último item da tela, lá no canto inferior direito, agora pasmem, pois este gesto extremamente importante, que teria tudo a ver com esta proposta de usabilidade foi simplesmente excluído do padrão do leitor.
Um absurdo principalmente se levarmos em conta o fato de que por padrão o sistema agora te manda dois gestos que fazem a mesma coisa e um monte de gestos de impressão digital que só funcionam numa meia dúzia de aparelhos.
No TTS Supremo tenho alguns vídeos sobre esse novo TalkBack, no primeiro a demonstração da nova versão e o segundo dando conta de meus primeiros dias com ele.
Os links estarão no fim do texto nas referências.
A navegação pela interface está boa, com os gestos de varrer você avança e retrocede sem maiores problemas, aliás, a navegação pelos apps no Google está agora simplesmente baseada nisso, é avançar e retroceder, parece simples mas será que é mesmo simplicidade ou estaríamos nós sendo tutelados
Nnem só de gestos de chicote vivem os usuários de leitores de tela, muitas vezes precisamos de formas mais inteligentes e ágeis para se alternar por entre as guias e uma das maneiras que me vem a mente é a simples adoção de um gesto com tres dedos na horizontal, já que atualmente não se tem mais por padrão o relho.
Faz sentido para você?
Pois saiba que para o Google não faz, e pior, agora se inventou restrições ao gestos multi-touch sendo que esse tipo de gesto já não era mais novidade para ninguém desde o Android 4, e isso só para dizer o mínimo.
O que mudou?
Gestos com dois dedos, três dedos, quatro dedos, o que há de errado com eles?
Qual o problema?
Houve alguma pesquisa de campo que justificasse a adoção desse novo padrão?
Não sabemos, e não sabemos por uma razão muito simples, todos esses processos e decisões se deram no âmbito proprietário desse leitor de telas, em suma, foi o Google quem quis assim.
Será que não estaria faltando pensar a navegação de acessibilidade como parte desse conceito chamado "Material designer"?
Como seria pensar as navegações de acessibilidade nesses termos?
Vamos abordar a interface dos caras com base na inspiração do próprio Google, concidere uma reglete de página inteira em cujo tamanho abrange o mesmo de uma folha de papel A4.
No topo da página você tem a pesquisa, as poucas opções pertinentes ao app em uso e no canto superior direito a imagem de perfil que te leva as opções do programa.
Você pode comparar o espaço ocupado na barra superior dos apps com o espaço que sua reglete ocupa quando está no topo da página.
Agora imagine que você coloca outra reglete na base da página e pronto, temos aí uma dimensão do espaço ocupado pelas guias em relação a tela dos apps.
Sobrou então todo o espaço restante na tela, que é o conteúdo propriamente dito, ou seja, aquilo que já está sendo exibido e que é determinado com base no quê é alternado pelas guias.
Eis aí o tal Material design sendo pensado e associado com braille por um cara que nunca programou nada na vida.
Uma associação simples de ser feita bastando para isso querer pensar, principalmente pensar fora da Caixa.
Você pode até achar que num primeiro momento este tipo de analogia possa parecer simplória mas não é, este tipo de abordagem é capaz de produzir uma série de insights na cabeça das pessoas, talvez você mesmo com base nas comparações feitas acima já tenha pensado e uma série de interações humanas para com a interface gráfica.
Se esse tipo de abordagem fosse tida realmente como simplória o próprio Google não se utilizaria dela, concorda?
A proposta que faço acima é exatamente a mesma, ela apenas foi transposta para o braille.
Agora pegue Google, Microsoft e Apple e nivele essas empresas com base nas decisões que elas têm tomado em relação aos padrões adotados nos seus leitores de tela e vocês vão ter uma ideia do que essas gigantes andam pensando a respeito dos seus usuários com deficiência visual.
Por um lado simplificando o acesso mas por outro dificultando, tudo para talvez evitar que tantos dedos assim na tela estraguem o belo Hardware ou até mesmo o software deles.
Ok, ok, eu até aceito o argumento de que talvez seja um exagero levantar essa tese mas isso não diminui o fato de que essas empresas vêm tutelando as navegações em seus leitores.
Nos próximos dias Vou abordar o Narrador da Microsoft em um texto cuja abrangência pretendo que também se estenda ao VoiceOver dos Max OS da vida e com isso aprofundar ainda mais este tema que nos é tão caro.
Por hora segue vídeo de complemento a esse texto e os links de referencia.
Em breve video do complemento ao texto aqui.
Em breve audio desse artigo aqui.
video sobre o Gnome oOrca citado no inicio do texto:
Video sobre o Talkback 9.1:
Segundo conteudo sobre o Talkback:
Texto aqui do blog tratando da Historia desse leitor:
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