Dia desses publiquei um conteúdo lá no canal do TTS sobre o chat GPT e aprendi algumas coisas bacanas com essa publicação.
O interesse da audiência foi muito evidente, o que me levou a perceber que deveria ter me esforçado um pouco mais em abordar o tema.
A proposito, o video segue no fim do artigo para o caso de ainda não o terem assistido beleza?
No momento da gravação, testando o chat com perguntas direcionadas a acessibilidade, pude perceber alguns erros que, no momento da gravação, não foram tão enfáticos mas que agora me saltam aos sentidos, principalmente após um comentário na publicação de divulgação do conteúdo que fiz no Facebook.
Se vocês prestarem atenção no vídeo, vão perceber que no momento em que pergunto sobre o DosVox, a inteligência faz uma afirmação que num primeiro momento pareceu ser inofensiva, ela diz que o DosVox é desenvolvido pela fundação Braile do Brasil.
Curioso não é mesmo?
De que confins da internet ele retirou esta informação?
Foi da rede que ele foi buscar ou simplesmente a inteligência improvisou mediante o tema?
Pois bem, saibam que a coisa fica ainda mais interessante, como já disse, a repercussão foi muito boa, com muitos comentários pertinentes e um desses comentários foi feito no Facebook.
O Anderson Albernaz colou o que o chat GPT retornou pra ele
mediante uma consulta dele semelhante à minha
e a resposta que o chat deu foi essa:
Fim do trecho.
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Nunca nem ele, nem eu ouvimos coisa parecida antes, e aposto que nenhum de vocês também nunca ouviu, acho muito difícil ter algum deficiente visual que não saiba que o nosso querido DosVox é desenvolvido pela federal do Rio de Janeiro, o que sem dúvidas é uma informação não muito difícil de se obter por aí, concordam?
Pois ao que parece, o chat GPT não encontrou essas referências, e pior, fez afirmações diferentes para uma mesma questão, respondendo basicamente uma mesma pergunta com duas respostas diferentes e ainda por cima erradas.
Complicado né?
Principalmente se lembrarmos de que estamos vivendo sob a égide das fakes, eu não sei onde o chat buscou essas respostas, mas certamente não foi em lugares confiáveis, e se não buscou as respostas em lugar nhum, então foi ainda pior.
Teria o chat mentido?
Parece que tanto no mundo real quanto no mundo digital, as referências importam.
Você até pode fazer um documentário, artigo ou podcast falando o que quiser sobre qualquer coisa, mas para uma banca você vai ter que comprovar dando as fontes, se não vira uma guerra de retóricas.
Uma guerra onde prevalece não a verdade, mas quem tem o melhor argumento, o melhor conteúdo, a melhor imagem.
Quem saca um pouco sobre História da filosofia sabe que esse lance de retórica contra verdade já é voto vencido desde o embate entre Sócrates e os sufistas.
Acontece que no caso do chat, ele não buscou aparentemente por nenhuma das muitas fontes existentes para dar a informação, ele simplesmente pegou alguns temas conexos e enrolou.
Nesse caso o chat foi tão em rolão quanto esses espertos analógicos que vivem dizendo que papel aceita tudo, o chat moderno, atualiza ainda mais o conceito para o digital, que ao que parece também aceita tudo.
Sim, o chat GPT cola e depois enrola, como quem atribui para
si as frases alheias fazendo pose de sabichão como se ninguém estivesse vendo.
Tem criadores de conteúdo que inclusive ensinam a fazer isso.
Imaginem;
Eles ensinam sua audiência a colar, literalmente colar.
Imagine só se você estivesse seguindo as dicas desses Yutubers trambiqueiros?
Pense na vergonha ao entregar um trabalho ditado totalmente pela máquina, com erros mais sutis, porem ainda mais graves, como aspectos de uma doutrina, religião ou cultura?
Conhecem esse tipo de influenciadores né?
O chat GPT foi inclusive um
prato cheio pra eles, com criadores demonstrando como o chat poderia
fazer todo o tipo de receitas e sugerindo que a audiência montasse uma
coletânea dessas receitas em ebook, e depois vendesse o livro como se tivesse sido escrito por eles.
Pode uma coisa dessas?
Ensinando a fraude na cara dura!
Vi outro que sugeria a mesma coisa para roteiros de vídeo, o pior é que o cara falava que não precisava nem saber o que dizer, na falta de assunto, era só pedir para o chat que ele providenciava uma lista de temas.
Tipo assim, o sujeito não precisava nem se preocupar em pensar, tá ligado?
É por essas e outras que o Yuval Harari comenta em seu "Sapiens" sobre a irrelevância a qual muitos de nós estamos rumando, aceitar que as inteligências artificiais até pensem por nós é realmente um grande sinal dessa marcha mansa e agradecida a este triste fim.
A inteligência que escreve pra nós, que cria imagens pra nós, que faz música pra nós, e tudo isso sendo vendido como a coisa mais legal do mundo.
E tudo isso sendo vendido como mais um jeitinho facil de ganhar dinheiro.
Um jeitinho que considera principalmente o ato de enganar para tirar vantagem.
A internet, sendo nada mais que uma extensão do real, é ambiente perfeito para se ampliar esse tipo de prática, mas não são só esses vendedores fajutos travestidos de influenciadores que fazem essas coisas, o próprio youtub vive muito disso, com anúncios com promessas que deixariam qualquer Walter Mercado de cabelo em pé.
Na vida das corporações o negócio também não é tão diferente assim, elas aparentam ser muito moderninhas, mas, no fundo, reagem a qualquer sinal de descontentamento de seus investidores, que no geral nem curtem tanto assim a aria, só querendo saber mesmo é do retorno financeiro, jogando e especulando com a vida das empresas e por conseguinte com a vida das pessoas.
Note o que fizeram Google, Amazon e Microsoft, demitindo milhares de pessoas em um dia e anunciando milhões em investimento no chat GPT no outro.
Parece que dinheiro não era problema mesmo.
E lá se vai boa parte da tese que sustentavaessa coisa de bolha da pandemia.
Uma brincadeira trabalhista que com certeza só vai deixar as coisas ainda mais estranhas dentro do setor, mas que importa isso aos especuladores?
Um bot encerra todo esse papo de paridade de gênero, inclusão, racismo e tudo mais, essa verdadeira encheção de saco humanista que só serve para atrapalhar essa gente fina e descolada que sabe tudo sobre como ganhar dinheiro fácil passando a perna nos outros.
O chat GPT é realmente tudo isso de bacana que dizem dele, sem dúvida alguma uma fonte de pesquisa muito interessante, com possibilidades de apoio na elaboração de conteúdo e até mesmo de aperfeiçoamento de sistemas, uma ferramenta que se bem refinada pode ainda ser muito útil a humanidade, mas o caso é que estamos falando ainda de um recurso desenvolvido por seres humanos, logo, é natural que a ferramenta reproduza algumas das brechas de caráter de quem a está criando.
Lembram dos algoritmos racistas que promoviam o embranquecimento ou que só ofereciam certos tipos de empregos?
Pois é.
O chat realmente promete muito para o futuro, e já existem inclusive clientes baseados nele que já dão a fonte e a referência das suas pesquisas,
Imagino ser bem plausível que no futuro a gente veja esse tipo de pesquisa embutida em sistemas operacionais como Windows e Android, afinal de contas, os assistentes como o do Google já propõe esse tipo de abordagem com base em respostas e diálogos.
Sinceramente, até então, não estou tão entusiasmado assim, imaginar que os sistemas podem ser mais acessíveis, os softwares e a web podem ficar mais inclusivos por se ter um robô que respeita mais os padrões de acessibilidade, não me deixam mais tranquilo.
Ainda acredito que o que fortalece a acessibilidade é a presença das pessoas e se for com esse foco, então o chat GPT pode ajudar e muito, não quero nada e nem ninguém fazendo nada por mim, quero sim, um mundo melhor e mais inclusivo para todos.
Achei essa ferramenta muito legal, mas já estamos percebendo movimentos não tão legais acompanhando ela, acho que o chat pode oferecer muitas possibilidades na acessibilidade, mas acho também que novas tecnologias são sempre um convite a evolução, novas formas de se fazer uma mesma coisa exigem novas condutas, o bônus sempre vem com o ônus e por isso, uma boa pitada de cuidado, respeito e ética não fazem mal a ninguém.
Por fim quero dizer que não achei o chat GPT tão surpreendente assim, agora, as questões que ele trás consigo são, e elas sim me interessam, e muito.
PS.
Quem ainda escreveu esse texto foi cem por cento eu, com todos os meus erros e acertos. mas fui eu.
E sim, as referencias importam.
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